Mulheres de armas


A ideia de que o futebol é só para homens pertence ao passado. Hoje, elas deixam as saias e os saltos altos em casa e vestem o equipamento e as chuteiras. Filipa Mendes e Catarina Ribeiro são dois exemplos da evolução dos tempos. Quando ainda eram crianças, ingressaram no mundo do futebol e são, hoje, uma referência no futsal feminino. A prestação no Vitória levou-as à selecção de futebol feminino sub-19. E, apesar de preferirem o futsal ao futebol 11, têm a selecção A como objectivo.
Aos oito anos, Catarina foi levada pelo tio para os Afonsinhos. Aí, jogava futebol com rapazes e sentia já o bichinho pela bola. Quando teve idade para ingressar no futsal, não pensou duas vezes e mudou-se para o pavilhão. “Optei pelo futsal porque não havia futebol onze cá em Guimarães e as equipas que havia perto da cidade, não eram equipas com a grandeza do Vitória”, contou. Hoje, não se arrepende e nem a chamada à selecção de futebol a faz mudar de ideias. Há duas semanas, atingiu o ponto mais alto da sua, ainda, curta carreira: a chamada à selecção de futebol feminino sub-19. “Não acreditei quando me disseram que eu ia ao estágio da selecção. Fui chamada apenas uma vez, mas vou continuar a trabalhar para voltar a ir aos estágios”, confessou. Habituada ao futsal, Catarina sentiu algumas dificuldades na adaptação ao futebol: “Não foi fácil para mim passar directamente para o futebol 11, o campo é muito maior, temos de correr muito mais e as regras são diferentes”.

Catarina sonha um dia poder chegar à selecção A, mas está consciente que a chamada a selecção de futebol feminino poderá implicar a rejeição ao futsal.”A seleccionadora da equipa A não costuma chamar jogadoras de futsal, por isso, vai ser muito difícil chegar à selecção principal, porque não sei se conseguirei abdicar do futsal. Ainda é cedo para pensar nisso, agora, quero concentrar-me apenas em evoluir para que a seleccionadora das sub-19 me volte a convocar”.
Apelidada muitas vezes de “Maria Rapaz”, Catarina sabe que o futsal feminino ocupa pouco espaço na actualidade. “O desporto praticado por mulheres raramente é notícia, o futsal e o futebol feminino nunca passam nas televisões e é, por isso, que o país também aposta pouco na formação de jogadoras”, criticou. E, àqueles que pensam que o futebol é só para homens, Catarina lança o aviso: “Venham ver os nossos jogos e depois formem uma opinião”.



A selecção de futebol feminino sub-19 já faz parte das rotinas de Filipa. Chamada pela primeira vez há dois anos, não mais parou e é hoje presença assídua nos estágios da selecção. E, como a primeira vez nunca se esquece, Filipa guarda na memória o momento em que a informaram que era uma das escolhidas para representar o país. “Recebi a notícia através da treinadora Susana Bravo, que me enviou uma mensagem. Quando vi, não acreditei”, contou. Filipa tinha apenas 15 anos quando foi chamada pela primeira vez e, por isso, não podia participar nas competições europeias. Contudo, o facto de frequentar os estágios era já motivo de orgulho para a jovem:”Quando fui à selecção pela primeira vez, não pude competir, ia apenas para ser observada, só no ano seguinte é que comecei a jogar. Mas, como deve calcular, já sentia uma alegria enorme só por estar ali no meio das outras jogadoras a estagiar pelo meu país”.
Começou no pavilhão da terra e, hoje, pisa os principais relvados do país. “A minha mãe tem uma fábrica e havia lá um campo de futebol, então eu ia para lá ajudar um senhor a dobrar ligas. Eu costumava ir para lá e um dia joguei com os miúdos que normalmente paravam lá”, contou. Foi assim que nasceu a menina do futsal. Em Abril, sofreu uma lesão que a afastou da competição durante cinco meses, mas confessa estar já preparada para voltar ao grande nível. A prová-lo está a eleição para melhor jogadora do torneio de Vila do Conde, realizado há quinze dias. Assim, Filipa caminha para o sucesso. Tal como Catarina, tem a selecção A como objectivo, mas avisa que “a sua escolha final será sempre o futsal”. Agora, confessa ter já alcançado um dos seus maiores objectivos:”representar o Vitória”. “A nível de clubes, estar no Vitória é já uma honra, posso dizer que um dos meus objectivos passa por continuar neste clube”, concluiu.




3 comentários:

Anónimo disse...

A LUTA NÃO PODE PARAR,
VISITA E PASSA A PALAVRA:
http://futsalnofeminino.blogspot.com/

Anónimo disse...

vamos ver até que ponto estas duas jovens se aguentam no futsal face aos joguinhos psicologicos da nossa seleccionadora nacional. Espero que não se deixem levar. Devem ser inteligentes o suficiente para manterem a sua convicção e lutar pelo futsal.
Parabéns às duas.

Anónimo disse...

muito bem estoa de parabens...eu hoje tambem soube que fui convocada para a selecção sub 17 ..mas é futebol 7 e eu pratico futsal...fiquei radianteee espero que meu sonho se realiza..representar nosso país lutarei por isso até ao fim..