Começo este artigo pelo fim, apresentando já a sua conclusão: Este é o momento mais importante do Futsal feminino português!
E agora... explico o porquê:
Nos últimos tempos, temos assistido a uma evolução constante na
afirmação do futsal feminino em Portugal ao nível de vários sectores,
nomeadamente na visibilidade, organização e sustentabilidade, com
inúmeras acções que nos têm catapultado para que hoje já sejamos uma voz
activa (ainda que pequenina) no panorama desportivo nacional.
Enumero algumas acções, por ordem cronológica, que sustentam a minha afirmação:
2009
A participação no Mundial Universitário no Brasil com liderança do então seleccionador nacional masculino (Orlando Duarte)
e onde nos sagramos vice-campeões, dando alguma visibilidade do futsal
feminino nos "media", que até aí era inexistente, além de
estruturalmente nos ter preparado para a reactivação da Selecção
Nacional.
A petição sobre a discriminação do futsal feminino nos Jogos da Lusofonia, liderada por Fernanda Piçarra, que foi entregue e discutido na Assembleia da República,
levando a que mais uma vez os "media" falassem do futsal feminino, mas
acima de tudo, levando à "abertura" e consciencialização de algumas
mentes sobre a desigualdade existente no desporto feminino em Portugal.
O projecto "O Jogo das Raparigas", liderado pela a APMD - Associação Portuguesa das Mulheres e Desporto,
onde pela 1ª vez existe um projecto de fundo vocacionado para o
desenvolvimento estrutural do futsal feminino em Portugal, liderado por
pessoas pertencentes ao nosso "meio" e que diariamente sentem as
"nossas" dificuldades, e que por isso sabem quais o pontos fulcrais e
essenciais que têm que ser desenvolvidos e melhorados, além de darem uma
"voz" a todas as equipas, para que TODOS possa fazer parte do projecto e
da sua reestruturação.
2010
A participação no Mundial Universitário na Sérvia, onde nos sagramos mais uma vez vice-campeões, dando novamente uma visibilidade ao futsal feminino nos "media".
A Reactivação da Selecção Nacional em Dezembro de 2010 ao fim de 6 anos de inactividade, para disputar o Torneio Mundial (Madrid),
onde brilhantemente conseguimos ser vice-campeãs, levando a que o
futsal feminino fosse mais uma vez falado na comunicação social, além de
ter criado um objectivo único a todas as atletas nacionais: representar
a camisola das quinas!
2011
A participação da Selecção Nacional no II Torneio Mundial (Brasil),
onde conseguimos mais uma vez o pódio (3º lugar), levando a que a
comunicação social a fazer uma cobertura nunca vista da selecção
nacional feminina, com notícias diárias na rádio estatal, TV e todos os
jornais desportivos diários.
Eleição de uma nova direcção para a FPF, liderada pelo Dr. Fernando Gomes,
que tem como bandeira o desenvolvimento do futsal português, com
particular destaque para o feminino, além de contar nos seus quadros
pessoas do futsal, nomeadamente Pedro Dias (Delegado da Uefa - Futsal) e Daniela Costa (Líder do projecto "O Jogo das Raparigas").
No entanto, apesar de tudo, creio que todo este trabalho está
alicerçado apenas no esforço de algumas pessoas (sempre as mesmas) que
lutam diariamente por um futuro melhor para o futsal feminino português,
o que me leva a pensar se todos temos capacidade e sustentabilidade
para que possamos chegar mais além, passo a explicar:
Um dos projectos da nova direcção da FPF é o
campeonato nacional de futsal feminino, o que na minha opinião será o
passo decisivo para que o futsal feminino definitivamente evolua e
consolide a sua posição no desporto nacional, no entanto, o que eu sinto
é a maioria dos intervenientes do futsal feminino não está preparado
para isso, pois a mentalidade da maioria dos dirigentes, alguns
treinadores e principalmente das atletas é ainda muito amadora, redutora
e limitada. Creio que a maioria dos dirigentes é contra o campeonato
nacional, e o motivo pela qual são contra é sempre o mesmo "custa muito
dinheiro"! Então a mentalidade correcta não seria antes ver que se um
clube estiver presente num campeonato nacional, isso irá trazer mais
prestígio, mais divulgação e consequentemente mais apoios financeiros e
estruturais.
Quanto aos treinadores, apesar de haver uma melhoria nos últimos
anos, o futsal feminino conta ainda com uma percentagem enorme de "maus"
treinadores, com formação comportamental e técnico-táctica muito
limitada (para raparigas serve...) e que há primeira oportunidade sairão
para um clube sénior masculino, nem que seja para a 5ª divisão
distrital... e por isso creio que a maioria não está preparada para um
campeonato nacional e para as suas exigências globais.
Por último, as atletas... neste momento de total amadorismo, a
maioria das atletas estão ou trocam de equipas apenas pelas "amigas" ou
porque jogam muito tempo, ou seja, muitas vezes não importa se o
treinador é fraco, se o clube não tem condições nem ambição, se as
atletas não têm qualidade, apenas importa porque a "Maria" e a "Antónia"
jogam lá e são fixes ou porque "o mister põe-me a jogar muito tempo",
nem que seja "tudo ao monte e fé em Deus", "o que importa é que eu jogo
muitos minutos!"
Perante isto, o meu sentimento é antagónico com a criação de um
campeonato nacional, pois se por um lado creio que ainda estamos
preparados para isso, por outro lado tenho a esperança que este poderá
ser "o ponto de viragem" para que as mentalidades de todos se alterem,
isto é, para que dirigentes desenvolvam projectos estruturados, para que
cheguem melhores treinadores ao futsal feminino ou que os actuais
procurem evoluir mais, e principalmente para que as atletas deixem de
estar cá apenas pelas amizades ou pelo tempo que jogam, mas porque
querem aprender e evoluir e potenciar o seu nível qualitativo, visto que
há partida no campeonato nacional estarão as melhores atletas
nacionais...
Concluo então da mesma forma que comecei: Este é o momento mais importante do Futsal feminino português!
Só espero que TODOS sintam o mesmo e que tenham consciência de que para que o futsal feminino evolua, TODOS também o temos que fazer!
Pensem nisto...
Abraço
Pedro Silva
1 comentário:
Antes do mais é preciso mudar a mentalidades da maior parte das jogadoras de futsal.... e deixarem de jogar onde estão as amigas
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